Os vegetarianos estão bem acompanhados.
Contam entre seus pares com Sócrates,
Darwin, Newton, Pitágoras, Rousseau, além de Voltaire, Ovídio, Albert Einstein,
Leonardo Da Vinci e multidões de famosos e anônimos pelo mundo a fora e
história a dentro. É um elenco e tanto. Mas isso parece nada significar diante
das espertas (e rápidas!) perguntas definitivas
dos defensores da carne como item obrigatório do cardápio: "- E as minhas
proteínas? Vão me fazer falta, não vão? Como substituir?" Com efeito!
Não
há para os humanos necessidade de ingerir proteínas de origem animal em
qualquer fase da vida, explica-nos o Dr. Eric Slyvich, nutrólogo especializado
em alimentação vegana, E vai além: todos os aminoácidos essenciais estão presentes
nas proteínas vegetais e faz já um quarto de século que o erro de afirmar ser a
carne necessária como provedora de proteína foi derrubado. O mesmo vale para
leite e ovos.
Antigamente, falava-se em "valor biológico" para medir a
incorporação da proteína absorvida pelo organismo dos animais humanos, um
método equivocado - mais um! - proveniente de pesquisas realizadas com animais
não humanos e que foi substituído por recomendação da FAO (da ONU) e pela Organização
Mundial de Saúde.
Assim,
causa espanto ler, na coluna de Josimar Melo (27/11), explicação de
nutricionista afirmando que “Tirando os produtos animais da dieta normal
causamos uma carência de nutrientes fundamentais: proteína, cálcio e vitamina
B-12, além de ferro e vitamina D”, na contramão do conhecimento científico
mais comezinho - o de que é saudável a dieta vegana - e induzindo o articulista
da FSP a erros, coisa grave por se tratar de formador de opinião com espaço
certo na mídia. Melo também escreveu que não se animou a transformar sua
cozinha em farmácia, nem suas receitas culinárias em receitas médicas. Está
certo ele, que eu também não gosto de pharmácia. Gosto de comida boa, perfumada,
saborosa e requintada: sou vegano.
Desnutrido,
eu? Olheiras?
Desnutrição
eu não conheço, embora há dez anos não participe da matança nem me preocupe com
substitutivos. Só faltava! Não tive que substituir nada, mas somente retirar a
carne do cardápio, vale dizer, carne, ovos, laticínios. Qualquer pessoa que se
alimente com o número mínimo de calorias necessárias a sua sobrevivência terá a
contrapartida das tão famosas proteínas. Quem já ouviu falar em pessoa com
carência de proteínas? Retiro as minhas dos feijões que como, das lentilhas, até
do arroz (sim!). Ferro? Verduras escuras e feijão. B12? Vamos aos orgânicos. Vitamina
D? É de rir largado! Precisa mais do que o Sol?
Forçoso
dizer: depois que o vegetarianismo é alcançado, começa uma exigência maior em
relação aos alimentos: foge-se dos agrotóxicos, dos transgênicos, das procedências suspeitas, dos alimentos cujo cultivo
ameaça o equilíbrio planetário, ingredientes que não têm a chancela do
ecologicamente correto, e adquirem-se hábitos saudáveis, experimentam-se
sabores e texturas antes nem suspeitados, buscam-se alimentos ricos e
nutritivos. É
muito raro o veganismo desinformado, até porque temos razões diversas, nem
sempre conjuntas, para nos afastarmos do consumo de animais mortos como se
fossem comida: são razões de gosto, de saúde, de compaixão. Deixemos de trela: ninguém precisa,
aliás nem deve, entupir-se de soja para repor ou suplementar pedaços de
cadáveres e derivados da crueldade para com os animais. Soja é apenas um grão
nutritivo extremamente versátil, presta-se a inúmeras preparações culinárias
saborosas, consome quem quer e é oferecida por essas qualidades e por sua
textura.
Em uma
coisa, porém, Melo acertou: comer fora de casa vira um problema. É difícil
encontrar um Chef de Cuisine
qualificado para oferecer azeite extra-virgem delicado como um toque mediterrâneo
de apurado gosto ao invés da famigerada manteiga, colesterol puro, talvez preferível
em cápsulas ou injetável, como uma droga qualquer.
Qual a
dieta que faz mal à saúde? Na dúvida, exames de sangue: taxas de colesterol,
triglicérides...
Por falar
nisso, como andam suas taxas?
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