Diante de todas as notícias que leio, algumas sobressaem-se carregando dúvidas inarredáveis: teremos mesmo que abandonar a Terra nos próximos 100 anos, se quisermos salvar a espécie, como afirmou Stephen Hawking* em uma famosa série de palestras de 2012? Verdadeira ou falsa, sua afirmação antecede o abandono das corridas espaciais pela NASA e a entrega desse caro programa, inexequível até mesmo aos EUA, à iniciativa privada. Daí já decorreram avanços espetaculares na construção de naves e a especulação a respeito de valores, custos, preços de passagens, entre outros deslumbramentos.
Diariamente vemos notícias sobre o achamento de planetas na Via Láctea com características semelhantes às da Terra e o sistema solar volta a ser vasculhado em busca de corpos espaciais habitáveis. Seja isso tudo decorrente ou não da afirmação de Hawking, agora é Marte a bola da vez.
Vira e mexe, ao longo do tempo, ouvimos falar dos marcianos, da invasão da Terra por ETs de lá provenientes, da impossibilidade de vida em Marte, da inexistência de água etc, principalmente o etc. Mudou tudo! Agora, fala-se abertamente sobre a descoberta de vestígios de água, congelada ou não, e os cientistas preparam-se para encontrar as causas do achatamento das órbitas dos astronautas, da osteoporose e dos males causados pela exposição à radiação, para enviar, com segurança, uma expedição humana ao planeta mais famoso entre os que orbitam o sol. A ideia parece revestir-se de obviedade: precisamos encontrar um novo lar.
Um novo lar para nós, mas – claro! – não para todos nós. A imensa maioria deverá arder-se por aqui, como um sacrifício ao Deus dos Planetas, um jeito de, por assim dizer, pagar a conta dos estragos que fizemos.
A dúvida seguinte, então, é: levaremos araras, tigres, minhocas, leões, girafas? Criaremos uma biosfera, à semelhança das experiências que vimos serem realizadas recentemente?
A dúvida maior é: levaremos vegetais, grãos, hortaliças e legumes para um plantio específico e um futuro vegetariano ou, especulemos, transportaremos bois, vacas, tartarugas, galinhas, porcos, emas e faisões para uma criação intensiva capaz de dar conta de uma ancestral fome de sangue, dando continuidade ao holocausto animal?
Se os levarmos todos, talvez reeditemos Noé e a Arca, mas fica sempre a dúvida sobre a lição recebida, se a aprendemos ou se o novo endereço – qualquer que seja ele – será apenas mais um canteiro de mau uso e destruição.
Diariamente vemos notícias sobre o achamento de planetas na Via Láctea com características semelhantes às da Terra e o sistema solar volta a ser vasculhado em busca de corpos espaciais habitáveis. Seja isso tudo decorrente ou não da afirmação de Hawking, agora é Marte a bola da vez.
Vira e mexe, ao longo do tempo, ouvimos falar dos marcianos, da invasão da Terra por ETs de lá provenientes, da impossibilidade de vida em Marte, da inexistência de água etc, principalmente o etc. Mudou tudo! Agora, fala-se abertamente sobre a descoberta de vestígios de água, congelada ou não, e os cientistas preparam-se para encontrar as causas do achatamento das órbitas dos astronautas, da osteoporose e dos males causados pela exposição à radiação, para enviar, com segurança, uma expedição humana ao planeta mais famoso entre os que orbitam o sol. A ideia parece revestir-se de obviedade: precisamos encontrar um novo lar.
Um novo lar para nós, mas – claro! – não para todos nós. A imensa maioria deverá arder-se por aqui, como um sacrifício ao Deus dos Planetas, um jeito de, por assim dizer, pagar a conta dos estragos que fizemos.
A dúvida seguinte, então, é: levaremos araras, tigres, minhocas, leões, girafas? Criaremos uma biosfera, à semelhança das experiências que vimos serem realizadas recentemente?
A dúvida maior é: levaremos vegetais, grãos, hortaliças e legumes para um plantio específico e um futuro vegetariano ou, especulemos, transportaremos bois, vacas, tartarugas, galinhas, porcos, emas e faisões para uma criação intensiva capaz de dar conta de uma ancestral fome de sangue, dando continuidade ao holocausto animal?
Se os levarmos todos, talvez reeditemos Noé e a Arca, mas fica sempre a dúvida sobre a lição recebida, se a aprendemos ou se o novo endereço – qualquer que seja ele – será apenas mais um canteiro de mau uso e destruição.
*Stephen William Hawking, capricorniano de 72 anos é um físico teórico e cosmólogo britânico (Big Bang, Buracos Negros – que hoje, 2014, ele nega existirem)) e um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Doutor em cosmologia, atualmente, é diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge. É portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA)4 , uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, Não há cura para sua doença.
(Este texto esteve publicado originalmente em Veggi e Tal, onde mantenho honrosamente uma coluna. Só comparece a este blog agora, quase trinta dias decorridos de sua publicação original)